RITMURBANO
Há a Leg Crew e depois há a Visual Street Performance (VSP). Não é bem a mesma coisa porque a Leg Crew tem neste momento 10 elementos, mas destes 10 writers, sete [Klit, Ram, Time, Hium, Mar, Vhils, HBSR81] empenham-se em mostrar, uma vez por ano, à cidade de Lisboa, alguma da melhor street art nacional. A quarta edição da VSP terminou este domingo, no antigo edifício dos Artistas Unidos, no Bairro Alto. O Ritmurbano aproveitou o evento para falar com Ram, Klit e Time e, em breve, teremos a galeria fotográfica da VSP'08.
Ritmu: Que balanço fazem desta 4ª edição da VSP?
Ram: Foi diferente porque voltámos às origens, ao Bairro Alto, e a um espaço abandonado.
Ritmu: Este prédio não estava em risco de ruir quando os Artistas Unidos saíram daqui?
Time: Isso era porque eles davam muitos saltos, nós não. (risos)
Ram: Não, mas a intervenção que nós temos é diferente. Eles não iam usar o espaço da mesma maneira.
Klit: Nós até agradecemos que este espaço esteja assim porque integramos o velho na estética do evento. E também só vamos usar este espaço durante uma semana.
RAM: É fixe porque ficámos numa das ruas mais complicadas do Bairro Alto onde o graffiti é mesmo proibido. Esta rua está numa zona de tolerância zero, cada vez que há uma parede taggada ou uma coisa assim eles limpam logo no dia a seguir. É uma forma de dissuadir os taggers.
Klit: Quando estávamos a pintar as paredes lá de fora apareceram logo uns polícias a pedir explicações. Só que entretanto apareceu o presidente da câmara [António Costa] a perguntar se havia algum problema e eles tiveram que ir embora.
Ritmu: Vocês continuam a fazer muitas coisas na rua?
Time: Sim, eu continuo a fazer, muito.
Ram: Sim e só faz sentido continuarmos no colectivo se continuamos a fazer trabalho de rua.
Ritmu: Mas aqui na VSP vocês não fazem apenas street art, misturam várias técnicas...
Time: Isso é o que temos de mostrar, não podemos fazer na rua o que temos aqui, não podemos pôr telas e cartão numa parede do exterior. O que tentamos aqui é usar a nossa experiência da rua para fazer outras coisas.
Ram: É trabalho de casa que passas para a parede, aqui podes misturar spray, telas e outros suportes.
Klit: Nós aqui dividimos as áreas por cada um e depois cada um desenvolve o seu projecto de acordo com o seu estilo. Funciona como um todo mas cada um tem o seu estilo.
Ritmu: E o convidado deste ano, o Xenz (UK), porque é que o escolheram a ele?
Ram: Escolhemos o Xenz porque ele já tinha trabalhado com alguns de nós e também porque tem um estilo diferente mas também tem um lado mais old school. O trabalho dele na VSP foi uma surpresa porque ele teve oportunidade de pôr a luz negra e foi mais uma experiência diferente.
Ritmu: Vocês vão muitas vezes a encontros lá fora. Qual é a imagem da street art portuguesa no estrangeiro?
Klit: Não há porque não há divulgação, não há por exemplo nenhuma revista de graffiti nacional.
Time: As pessoas não fazem mínima ideia do que se passa cá. Mesmo quando vêem a Lisboa, devem pensar que vem para o campo ou isso, e depois chegam cá e encontram uma cidade cheia de arte urbana. Mais até do que nas outras cidades europeias onde há políticas muito fortes anti-graffiti.
Ritmu: Mas a street art portuguesa já começa a ter alguma presença no estrangeiro...
Time: Sim, o Vhils apareceu no jornal "The Times" com o Banksy... Acho que há ali uma relação entre ele e o Banksy que não está bem explicada. Eu sinto que há ali amor. (risos) Mas esta nova geração (para mim ele é da nova geração) está a quebrar muitas barreiras. Fui agora ver uma exposição a Nova Iorque onde o trabalho do Vhils estava ao lado de artistas consagrados do graff e a parte dele estava muito boa e até superior a alguns dos outros, e isso é muito importante.
Ritmu: Vocês também têm feito algumas acções de carácter mais social...
Klit: Sim, temos feito umas colaborações com o programa Escolhas, este ano e o ano passado, em bairros sociais.
Ritmu: Como é que as pessoas reagem?
Ram: Eles são jovens e ficam em alta. Querem pintar e é uma experiência nova que estão a ter com pessoas que eles ate já conhecem, por isso corre sempre bem. Fazemos workshops simples, porque também é só um dia. Depois parte deles continuar ou não. E isso às vezes também é difícil porque os materiais são caros, uma lata custa cerca de três euros.
Time: Quando fomos à Quinta da Princesa [Seixal] foi um dos melhores dias de graff que nós tivemos. Começámos a pintar e de repente os miúdos - e não era só os miúdos, eram os vizinhos, a própria população - foram buscar som para a rua, as miúdas começaram a fazer tranças umas às outras. De repente estava ali uma festa armada e nós na boa a pintar. E isso só acontece nos bairros.
Ritmu: E é possível viver da arte urbana em Portugal?
Ram: É possível mas é uma luta. Do nosso colectivo só eu e o Mar é que vivemos apenas disso. Quer dizer, usamos a técnica do graffiti para outros trabalhos, decorações, lojas e até em casas.
Ritmu: Sobre o livro que vocês editaram, o que é que as pessoas encontram lá dentro?
Ram: É um livro de um quilo e meio onde está escrita pela primeira vez a história do graffiti nacional. Essa história foi escrita por um jornalista que também teve uma passagem pela rua e portanto é uma descrição que nós consideramos fiel ao movimento. Tem também a história do graffiti no mundo e os dois primeiros anos da VSP. Depois tem a biografia de cada um de nós e fotografias do nosso trabalho dentro e fora da VSP.
Mais info: http://www.visualstreetperformance.com/
Visual Street Performance – VSP – é o maior evento de street art que se realiza em Portugal. Após a 5º edição consecutiva em Lisboa, devido ao interesse demonstrado por quem vive no norte do país, decidimos levar o evento até à cidade do Porto.
16 dezembro 2008
10 dezembro 2008
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